O fontanário violentado

Roma ferida no coração. O centro da Capital foi invadido e devastado por milhares de hooligans holandeses, em Itália para a partida Europa League entre o Feyenoord e os amarelo-vermelhos, que o reduziram a aterros de garrafas e resíduos.
TINHA SIDO RECENTEMENTE RESTAURADA
Teatro da destruição foi a famosa Praça de Espanha, um lugar visitado por milhões de turistas todos os anos, agredida por 6 mil por adeptos bêbados que danificaram lojas, vitrines, carros para além da Fonte da Barca de Bernini, um dos mais famosos monumentos da cidade. A escultura, que foi restaurada em setembro, foi estilhaçada em sua parte central e um fragmento do monumento foi arrancado e era visível na no fundo da água. Em particular, o bordo superior da bacia foi quebrado em vários lugares. Felizmente muitos dos fragmentos foram encontrados e serão úteis para a reconstrução.

A Fonte de Bernini reduzida a aterro de resíduos e garrafas.

TENSÃO TAMBÉM NO CMAPO DAS FLORES
A tensão é, em seguida, mudou-se para Villa Borghese, perto do miradouro panorâmico do Pincio, onde milhares de hooligans se reuniram à espera do ônibus que tinha de levá-los para o estádio. A polícia interveio, fazendo várias detenções, mas alguns agentes foram feridos durante a revolta, que começou ontem à noite em Campo das Flores, a famosa praça da cidade caracterizada pelo monumento de Giordano Bruno, famoso filósofo e escritor italiano.
FOI ACABADA EM 1629
A realização da Fonte da Barca remonta ao século XVII, quando, em 1627, o papa Urbano VIII encarregou Pietro Bernini de realizar exatamente uma fonte na praça abaixo da igreja de Trindade dos Montes, que, em seguida, na ausência de escadaria, estava à beira de um precipício. A obra foi concluída em 1629 e o artista italiano também foi ajudado por seu filho Gian Lorenzo, que provavelmente a concluiu com a morte de seu pai. Sua construção exigiu a superação de algumas dificuldades técnicas, devido à persistência de baixos níveis de pressão do aqueduto Acqua Vergine naquele local específico, o que não permitia a criação de fontes ou cachoeiras.

Os danos nas bordas da Fonte Bernini na Praça de Espanha, em Roma.

CONCEBIDA COMO UMA OBRA DE ESCULTURA
Bernini, no entanto, resolveu o inconveniente através da elaboração do chafariz em forma de barco semi-submerso em um tanque oval colocado ligeiramente abaixo da superfície da estrada, com proa e na popa, de forma idêntica, muito elevada em relação ao lado bordas inferiores, logo acima do nível da bacia. No centro do barco um curto balaústre suporta uma pequena banheira oblonga, mais baixa que a extremidade inferior da popa e proa, de onde sai um jorro de água que enche a banheira, caindo dentro dela para transbordar e, em seguida, a partir das bordas laterais, na bacia abaixo. A água, então, flui para fora dos outros seis pontos (três na popa e  três na proa): presentes também duas esculturas em forma de sol com um rosto humano e quatro furos circulares (dois de cada lado) orientados para o exterior, semelhantes às bocas de canhão. Completam as decorações dois brasões com a tiara papal e as abelhas com símbolo heráldico da família do pontífice (os Barberini). Foi a primeira vez que uma fonte foi inteiramente concebida como uma obra escultórica, longe dos cânones da banheira de clássica formas geométricas.
A SUA FORMAS RECORDA AS BARCAS DA ANTIGA ROMA
De acordo com uma versão  popular muito acreditada, sua forma particular pode ter sido inspirada pela presença na praça de um barco em seco, chegado muito longe da inundação do rio Tibre em 1598. O nome de «barca velha» lembra na verdade um velho barco ao lado de naufrágio . Na Roma antiga, este barco, similar ao trabalho de Bernini, foi utilizado para o transporte fluvial de barris de vinho e tinha os lados particularmente baixos para facilitar o carregamento e descarregamento dos próprios barris.